segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Advento: precisamos de prepararmo-nos...



O terror do tempo presente assusta e faz perder a esperança, porém, não sentirá o mesmo a mulher que está a dar à luz. A sua criança é fruto de dores. Por isso, os homens e as mulheres deste tempo que atravessamos são como se fossem essa mulher agoniada com sofrimento, mas certos que desse sofrimento emerge a vida em todo o seu esplendor.

É urgente dar lugar à esperança nesta hora de sofrimentos vários, de dores desmedidas e de desesperos angustiantes. Não há tempo a perder-se, cada um trás em si o lugar de Deus. O lugar do Seu nascimento.

Mas que lugar tão pobre, dirão os mais exigentes! Sim, pobres todos os corações humanos, mas lugares eleitos para o nascimento de Deus, o Senhor da esperança e da salvação para todos. O Deus da vida partilhada não se deixa intimidar com a pobreza de cada um. É dos pobres que Deus gosta. É dos lugares pobres que se faz a eleição para Ele nascer.

Este ano, é especial. O ano do espectro da crise que a todos inquieta face ao futuro. Este, o ano dos cortes salariais e do desemprego que condena várias à famílias à fome e especialmente crianças a não saborearem o algo especial no Natal e quem sabe pior do que isso, ter que ir para a escola sem se alimentar convenientemente ou a estar sujeita à marginalização perante os coleguinhas, porque não tem vestidas as roupas que a os mais novos estandardizaram para o momento. O ano onde nos surpreendemos ou não com mais pobreza e caímos na real de quanto é vulnerável a condição humana e tudo o que essa condição humana criou como definitivo e acabado. Tudo surpreendente para nós que nos habituamos à Internet, às viagens frequentes de avião, ao bem estar social e económico... Tudo parecia assegurado e garantido, mas, afinal, facilmente desmoronaram sobre as nossas cabeças as torres de Babel, que teimosamente erguemos até ao mais alto dos céus.

Eis então que continua o cheiro a cinza, o monte de entulho e as bombas em nome da paz lançadas sobre populações inocentes, são razões de sobra para o desespero. No entanto, será daí mesmo desse panorama desolador que a vida emerge, que a tristeza dá lugar à alegria e que a força do amor será mais uma vez o outro nome da paz para todos.

As entranhas do nosso ser rasgam-se e contorcem-se com a tristeza deste tempo cheio de contradições, de sombras e de penumbras obscuras que não permitem outro sentido, outra paz e outra alegria.

A quem se destina este apelo? - Diz-nos, essa voz de longe que bate de porta em porta, que «precisamos de prepararmo-nos...». - Um grito, um apelo ou uma chamada cristã, evangélica que nos sonda a todos com este pedido, para que qualquer recanto seja lugar propício para emergir a criança, para nascer a «carne» do amor, que redime todo este mundo tão necessitado de razões para viver e lutar por momentos mais férteis de prazer fecundo em favor da existência feliz para todos.

JLR

Texto gentilmente cedido por Pe. José Luis Rodrigues, sacerdote em Funchal, Madeira, Portugal

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